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# 19. Tendências para a saúde em 2024
Olá pessoal,
Na última semana consegui fazer algo que não acontecia há muitos anos - desconectar do trabalho 100% (incluindo whatsapp)!
Fui para NY e passei uma semana andando pela cidade, fazendo o que me vinha na cabeça, sem uma programação definida.
O que eu aprendi - eu preciso de 2 tipos de descanso quando estou de férias:
1) Descanso cognitivo-social » ficar desconectado em um cenário sem programação (isso ajuda a tirar uma cobrança de horários e compromissos, como foi em NY).
2) Descanso físico-mental » Ir para uma praia, pisar na areia e recarregar as energias.
Comece a perceber como os diferentes tipos de férias / tempo livre influenciam no seu descanso. : )
Exposição Manet/Degas no MET Museum (NY)
Tempo de leitura : 5 minutos
💬 Em pauta
Falar sobre o que vai acontecer nos próximos 12 meses não é tarefa fácil, mas é um exercício sobre as diferentes percepções do mercado e como eu acredito que ele deve se comportar.
Estas são 5 tendências para a saúde em 2024! (na minha humilde opinião).
Resolvi resumir em apenas 5 para evitar pontos mais genéricos do mercado no longo prazo, como: i. uso de wearables, ii. modelos de remuneração, iii. assistência domiciliar (home care), entre outros.
Começando com um ponto que já estamos vendo aplicação prática e deve tomar uma grande proporção no próximo ano….
O uso de IA generativa na saúde já tem alguns cases bem interessantes, como:
Dr. Scriba » Transcrição de áudio da consulta para texto
Nabla Copilot » Transcrição #2
Deep Scribe » Transcrição #3
Mas Thiago, e as plataformas de apoio a tomada a decisão médica? 👀
Sim, existem várias e minha favorita é a Glass health, mas acho que elas não estão prontas para “prime time”, ou seja, ainda precisam melhorar em alucinações e acurácia das referências para ganhar adoção em massa.
Um dos pontos que tenho menos ouvido em 2023 é a diferença de qualidade entre plataformas de telemedicina, telepsicologia e telessaúde no geral, ou seja, os compradores estão começando a comparar apenas preço, levando este mercado a um processo de comoditização.
Na literatura empresarial, a comoditização é definida como o processo pelo qual bens que têm valor econômico e são distinguíveis em termos de atributos (singularidade ou marca) acabam se tornando simples commodities aos olhos do mercado ou dos consumidores.
É uma mudança de paradigma, em que um mercado deixa de ter uma competição de preços diferenciada para uma competição de preços indiferenciada. O seu principal efeito é que o poder de precificação do fabricante ou proprietário da marca é enfraquecido: quando os produtos se tornam mais semelhantes do ponto de vista do comprador, eles tendem a comprar o mais barato.
De acordo com a teoria econômica neoclássica, os consumidores podem se beneficiar da comoditização, já que a competição perfeita geralmente leva a preços mais baixos. Os produtores de marcas muitas vezes sofrem com a comoditização, pois o valor da marca (e a capacidade de comandar prêmios de preço) pode ser enfraquecido.
Resultado: O mercado de telemedicina perde o diferencial que obteve em 2020, quando foi liberada a teleconsulta direta ao paciente, passando a ser visto como um produto com qualidade homogênea, dentro de um cenário de guerra por preço. Uma corrida ao valor zero - race to the bottom.
Ou seja, as empresas de telessaúde tem 2 caminhos para seguir:
Consolidação para diminuir custo operacional (vide fusão Conexa e Zenklub)
Criar um diferencial competitivo que justifique um preço maior (não vale qualidade do atendimento, pelos motivos que coloquei acima).
Os custos de medicamentos, internações, terapias, cirurgias vão continuar subindo em 2024, mas com uma diferença.
Enquanto vimos um mar mais calmo esse ano - muito barulho, mas poucas ações, devemos ver uma mudança para os próximos 12 meses, com mudanças mais significativas nos modelos das operadoras. Alguns exemplos:
Operadoras deixando de vender planos sem coparticipação
Descredenciamento em massa de determinada rede de hospitais - isso já aconteceu antes!
» Em 2019, a Amil descredenciou todos os hospitais da rede D'Or dos seus planos de saúde. O motivo foi uma proposta de mudança de contrato que não foi aceita pelo grupo hospitalar. Depois de um tempo a Amil voltou atrás.
Acredito que algo assim pode voltar a acontecer em 2024, tendo em vista que o Bradesco está construindo o próprio hospital em uma joint venture com o Einstein. Ansioso para saber os próximos capítulos aqui.Operadoras quebrando contrato de prestação de serviço com empresas. Já começamos a ver algo nessa linha no segundo semestre.
Está chegando o tsunami. 🌊
Muitas instituições conseguiram segurar as pontas durante 2023, mas nos próximos trimestres poderemos ver algumas operadoras encerrando as suas operações ou vendendo a um preço bem menor que o esperado.
Outra saída seria a fusão, algo que já começamos no segundo semestre deste ano.
Em 2000, logo após a criação da ANS (Agência nacional de saúde), também foi implementado o teto de reajuste para planos individuais.
Acredito que isso pode acontecer para planos empresariais também, em breve.
A falta de perspectiva de uma estabilização dos custos em saúde no Brasil pode levar uma intervenção pública, como começamos a ver em algumas discussões em Brasília.
» O que acharam dos 5 pontos? Pode responder direto no e-mail : )
❇️ Recomendações
Podcast com CEO do Nabla » Alexandre Lebrun
"Levamos mais de 3 anos para criar o Copilot”. Esse foi um grande aprendizado que tive com o esse podcast, que teve como convidado o CEO da Nabla.
Ele conta como tiveram que criar o próprio modelo de linguagem para criar uma solução que funcionasse bem, juntando 3 anos de áudios de consultas médicas. 😱
💭 Citação
Aquele vinho no fim do dia né? Parece que não mais 👀 link
Via Readwise
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Domingo que vem tem mais,
Abraço!
Thiago Liguori