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😨 A Unimed tem um dívida bilionária, mas está longe de quebrar
Olá pessoal,
Ressurgiu essa semana o tema sobre a saúde financeira da Unimed.
Tudo isso porque no começo de 2025, a Unimed Nacional fez um acordo para realizar um aporte de R$ 1 bilhão após uma reunião com a Agência Nacional de Saúde (ANS), em que foi encontrado um déficit de R$ 503 milhões de reais entre 2023 e 2024.
Nessa edição da Carta eu trouxe um pouco sobre os fatos relacionados a isso, um resumo do sistema Unimed no Brasil e por que ela não vai falir.
Boa leitura!
Tempo de leitura : 5 minutos
💬 Em pauta
Um resumão do sistema Unimed para entendermos a proporção dessa empresa, a maior cooperativa de saúde do mundo.

Mesmo com uma dívida bilionária, a Unimed não vai falir
No cenário da saúde brasileira, a Unimed é mais relevante do que muita gente imagina.
Para o observador casual, pode parecer apenas mais uma operadora de planos de saúde, mas ela não é um player comum.
É uma cooperativa gigante (a maior do mundo em saúde), que detém controle sobre quase metade do mercado de saúde privada do Brasil.
Com 20,9 milhões de vidas sob sua gestão, a Unimed comanda impressionantes 40% de participação no mercado em um setor que abrange 52,3 milhões de beneficiários.
Para colocar isso em perspectiva, se a Unimed quebrasse, as consequências perturbariam o sistema de saúde como um todo, elas ameaçariam desmoroná-lo por completo.
Mas então como o “gigante verde” da saúde pode estar em apuros?

Giphy
No início de 2025, manchetes causaram alvoroço no mercado quando a Unimed anunciou que estava injetando R$ 1 bilhão em suas operações para estabilizar sua situação financeira, após um alerta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), relacionado a uma dívida de R$ 503 milhões.
Apesar de alto, o valor não parece oferecer risco à operação nacional como um todo.
Com uma receita anual de R$ 115 bilhões em 2024, distribuída entre suas 270 cooperativas regionais, a escala financeira da empresa é enorme.
Apesar da dificuldade de gestão a nível nacional e local, falta de padronização e diferenças monumentais entre unidades vizinhas, esta não é uma história de fragilidade, mas de um sistema tão profundamente enraizado que até uma correção de curso de um bilhão de reais é absorvida sem descarrilar a máquina.
Mas o que torna esse gigante tão resiliente, mesmo diante de turbulências financeiras?
A resposta está em uma combinação de escala, estrutura e verticalização.
Um dos seus grandes ativos é a estrutura verticalizada, um modelo que a diferencia de muitas operadoras tradicionais.
Diferentemente de concorrentes que dependem de provedores terceirizados, a Unimed opera como um ecossistema autossuficiente: emprega seus próprios médicos, gerencia seus próprios hospitais e administra seus próprios planos de saúde.
Essa integração permite que a Unimed entregue serviços com maior eficiência e qualidade, mantendo custos bem competitivos.
Com um preço médio nacional (ticket médio) de plano de R$ 450, a Unimed consegue supera muitos rivais, como Sul America (R$ 965) e Bradesco (R$ 800).
Ao controlar cada elo da cadeia de saúde, a Unimed não apenas reduz custos, mas também promove um senso de pertencimento entre os 20% dos médicos brasileiros que são membros cooperados.
O alcance da Unimed é outro pilar de sua posição. Com presença em 92% dos municípios brasileiros, uma capilaridade rivalizada apenas pelo pelo WhatsApp rs (94%), a cooperativa se entrelaçou na estrutura do sistema de saúde do país.
Sua dominância é bem forte em regiões como Minas Gerais e o sul do Brasil, onde opera com quase monopólio em algumas praças. (imagem abaixo).
Nessas áreas, a Unimed não é apenas uma provedora; é a provedora, frequentemente capturando 80% ou mais do mercado local.
Isso gera um ciclo virtuoso em várias cidades, em que a escala da Unimed atrai mais clientes, que, por sua vez, atraem mais médicos para sua rede, consolidando ainda sua participação.
No entanto, nenhuma organização está isenta de desafios.
Em 2024, 25% das 270 cooperativas regionais da Unimed relataram prejuízos, um dado que tem gerado alerta no mercado.
Mas, para a Unimed, isso é menos um sinal de colapso iminente e mais um sinal da necessidade de fortalecimento da gestão, como coloca o presidente da Unimed, Luiz Otavio Fernandes de Andrade, “Ainda temos uma dívida bancária significativa, mas que está decrescendo com a ajuda do aporte. Estamos num processo de recuperação”, (em entrevista para o Valor econômico). Esse processo está exigindo uma reestruturação interna, com rediscussão de todos os contratos, visando readequar os valores.
Alguns outros dados e insights sobre a Unimed pelo país…
As Unimeds locais, que atuam no âmbito dos municípios, são denominadas Unimeds singulares. As Unimeds singulares de um mesmo estado organizam-se em federações estaduais. As federações, por sua vez, reúnem-se em uma confederação nacional, a Unimed do Brasil, em um sistema de cooperativa hierarquizada, mas com gestão local descentralizada (uma das fontes do problema também, pois nós médicos temos um pouco de dificuldade com números rs).

A relação volume de vidas e participação de mercado é bem forte em MG, PR, SC e RS. (relatório bank of america).

As maiores são:
CNU ( Central Nacional Unimed) » 1.9M de vidas, 8.4bi de receita e ticket médio de R$ 359
Unimed Belo Horizonte » 1.5M de vidas, 6.8bi de receita e ticket médio de R$ 373
Unimed Seguros (São Paulo) » 874 mil vidas, 6bi de receita e ticket médio de 573
Unimed Rio de Janeiro » 443 mil vidas, 4.2bi de receita e ticket médio de R$ 795
Unimed Porto Alegre » 652 mil vidas, 3.9bi de receita e ticket médio de R$ 510
Em suma, apesar do déficit bilionário, eu acredito que a Unimed tem musculatura e boa defensabilidade, principalmente no interior, o que possibilita uma recuperação financeira para colocar a empresa de novo na rota econômica ideal.
Dito isso, eu acho que vale acende um alerta sobre o número de regionais que tem ficado no vermelho, a dificuldade da gestão nacional e como novas operadoras tem ganhado espaço.
Mas quebrar? Acho muito difícil.
O que você acha que pode acontecer com o Unimed?
É só responder esse e-mail que cai na minha caixa de entrada e podemos trocar uma ideia : )
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Thiago Liguori

