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# 49. 🏠 Cenário do home care no Brasil

Olá pessoal,

O mercado de cuidado de saúde em casa está crescendo.

O nome oficial é Atenção domiciliar (AD), mas no dia-a-dia da saúde o termo que marcou esse mercado foi “home care", uma modalidade de atendimento que vem crescendo de forma exponencial nas últimas décadas.

Em 2012, eram apenas 12 empresas, hoje são mais de 1.000 em todo o país.

Uma pesquisa da ANEAD / FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostrou:

  • Em 2019, cerca de 300 mil pacientes foram atendimento em domicílio, contra 346 mil em 2022.

  • A receita estimada anual está em R$ 12,3 bilhões.

  • Mais da metade (57%) do faturamento é relacionada a internações domiciliares e 43% a atendimentos pontuais.

  • O ticket médio diário foi de R$ 212,48 para atendimento pontual e R$ 742,84 para internação domiciliar.

A transição demográfica e o envelhecimento da população têm contribuído para esse crescimento, mas não é só isso.

Eu tive uma lesão do tendão de Aquiles esse ano e estou fazendo todo o tratamento de fisioterapia de forma domiciliar.

O cuidado de saúde em casa é um movimento que atinge todas as idades e tipos de pacientes.

Tempo de leitura : 5 minutos

💬 Em pauta

Vou começar com um exemplo:

A startup Beep Saúde, focada em atendimento domiciliar, acabou de receber um aporte de R$ 100 milhões de reais, sendo avaliada em R$ 1,2bi.

Com foco em exames e vacinas, a empresa está surfando o movimento global de desospitalização e ajudando a tornar nossas casas o novo "hub de saúde".

Grandes grupos de saúde já perceberam isso e começaram a montar programas de “internação domiciliar" (Mayo Clinic). Perceba que não é alta precoce, é deixar o paciente com o mesmo nível de cuidado e monitoramento, porém no conforto da sua casa.

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Esse racional faz sentido em um momento de crise do sistema de saúde, em que os hospitais tem freado as expansões e estão reajustando seus modelos operacionais.

Uma pesquisa da McKinsey também mostrou esse movimento.

O cuidado ambulatorial é o segmento que mais cresce e com maior margem de lucro.

Isso também é acompanhado pelo cuidado domiciliar, montando uma nova jornada de saúde, muito mais focada em pequenas passagens por centros de imagem, infusão, terapias e tornando o domicílio o protagonista desta cadeia.

Eu acredito em um cenário em que o hospital será apenas um checkpoint da nossa jornada de saúde.

E esse movimento já vem acontecendo há muitos anos.

De acordo com dados do CNES (2022), temos 1.167 estabelecimentos de saúde classificados como:

  • “Serviço de atenção domiciliar isolado (home care)”

    Que são estabelecimentos de saúde responsáveis pelo gerenciamento e operacionalização de assistência e/ou internação domiciliar, em conformidade com a Portaria RDC / ANVISA n˚ 11 (2006)

Existe uma tendência contínua e quase ininterrupta de crescimento de empresas do setor.

Uma pesquisa da ANEAD (Associação Nacional das Empresas de Atenção Domiciliar) mostrou outro dado interessante:

  • A maioria dos pacientes faz acompanhamento de longo prazo (> 90 dias)

Boa parte dos pacientes tem idade > 80 anos.

Na última década, um salto evolutivo na tecnologia em saúde tem permitido a expansão do cuidado domiciliar, com dispositivos cada vez mais intuitivos, integrados aos nossos aparelhos do dia-a-dia e custo decrescente.

Hoje um paciente pode monitorar:

→ a sua oxigenação
→ batimentos cardíacos
→ respirações por minuto
→ pressão arterial
→ ECG (1 derivação) para detectar arritmias
→ glicemia capilar contínua - monitores GCM
→ EEG - eletroencefalograma

Ou seja, é quase uma mini-UTI na sua casa com dispositivos acessíveis.

Isso pode mudar profundamente o que nós entendemos por “ficar internado” ou “estar monitorizado” 24/7.

Eu trouxe 3 pilares aqui que são usados na saúde hoje.

Mas tenho visto um investimento enorme da indústria de tecnologia para avaliação domiciliar de saúde.

Veja esse exemplo da Apple, com um novo recurso para diagnóstico e monitoramento da apneia do sono em casa.

O cuidado domiciliar está passando por uma transformação profunda.

Estamos vendo um crescimento contínuo de empresas de home care, novos profissionais capacitados e dispositivos com mais recursos e custo-efetivos.

A internação hospitalar tende a ser apenas um ponto da nossa jornada de cuidado, e não mais o centro da nossa saúde.

O que você acha? Quero saber a sua opinião (É só responder esse e-mail que já cai na minha caixa de entrada).

❇️ Recomendações

Programa de cuidado intensivo em casa da Mayo Clinic

Esse case de um paciente renal crônico que fica “internado” em casa representa bem um futuro próximo em que o hospital será apenas um dos pontos da nossa jornada de cuidado.

Novo modelo da OpenAI pode ajudar ainda mais com burocracias na saúde

Relatório da Oscar Health mostra o potencial do novo modelo da Open AI para saúde.

💭 Citação

Pesquisa da Nature mostra como o crescimento de pessoas com doença crônica e necessidades de cuidados não está sendo acompanhado pelo número de profissionais de saúde.

Por hoje é só!

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Domingo que vem tem mais,

Abraço!

Thiago Liguori