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# 12. A ciência da felicidade 😄
Olá pessoal,
Na última semana eu ouvi um podcast do Andrew Huberman sobre as ferramentas que aumentam a felicidade e decidi explorar mais sobre o tema.
Em um cenário ideal da metodologia científica, para realmente entendermos os fatores que contribuem para a felicidade, seria necessário acompanhar uma pessoa durante a vida toda e ver o que gerou mais impacto. Impossível? Foi isso que o time da Universidade de Harvard fez com a pesquisa mais longa da história moderna, que já ultrapassa 85 anos de acompanhamento longitudinal 🤯 (e ainda continua).
Dinheiro, propósito, relacionamentos… todos estão relacionados à felicidade, mas o que os estudos mais recentes nos mostram sobre como isso se aplica a rotina diária?
Tempo de leitura : 5 minutos
💬 Em pauta
O maior estudo sobre felicidade foi iniciado em 1938 na Universidade de Harvard - o chamado Estudo de desenvolvimento humano.
A investigação tinha um foco inicial em entender o que faz as pessoas prosperarem, observando atentamente o seu comportamento no tempo. Depois de começar com 724 participantes— muitos de famílias desfavorecidas e problemáticas em Boston, e alunos de graduação em Harvard — o estudo incorporou as esposas dos participantes originais e, mais recentemente, mais de 1.300 descendentes do grupo inicial.
Hoje apenas 60 dos 724 participantes do estudo original estão vivos (a maioria na sua nona década) e continuam fazendo check-in no estudo a cada 2 anos.
Os pesquisadores periodicamente entrevistam os participantes, pedem para preencherem questionários e coletam informações sobre o sue trabalho, vida pessoal e saúde.
O diretor principal (Robert Waldinger) e o diretor associado (Marc Schulz) do estudo, conseguiram observar os participantes entrando e saindo de relacionamentos, encontrando sucesso e fracasso em seus trabalhos, tornando-se mães e pais.
É o estudo longitudinal mais longo e aprofundado sobre a vida humana já feito, possui uma lista extensa de publicações e levou a diversas conclusões. Eu pontuei 5 principais relacionadas e esse e outros estudos:
Bons relacionamentos levam a uma vida saudável e feliz
Exercício regular e manutenção da saúde melhoram a terceira idade
Dinheiro não compra felicidade, mas serve como um protetor contra o estresse
Mais experiências, menos coisas
Carreira de sucesso não é igual à felicidade
Ponto 1: Bons relacionamentos levam a uma vida saudável e feliz
Esse é um dos principais achados do estudo, a importância que a relação com amigos e família tem na nossa percepção de felicidade e como isso afeta a nossa saúde física e mental. É o que os autores chama de fitness social - ter relações saudáveis e duradouras com pessoas que gostamos.
Muitos dos participantes do Estudo de Harvard disseram que preencher questionários a cada dois anos e serem entrevistados regularmente lhes deram uma perspectiva valiosa sobre suas vidas e relacionamentos. Parar para pensar sobre si mesmos e sobre as pessoas que amam é um processo de auto-reflexão que tem ajudado alguns deles.
1) “Pessoas mais conectadas com família, amigos e suas comunidades são mais felizes, saudáveis fisicamente e vivem mais anos do que pessoas menos conectadas”
2) “As pessoas mais satisfeitas com os seus relacionamentos aos 50 anos foram os mais saudáveis ao 80 anos.”
3) “Ficar sozinho (solidão) causa o mesmo dano à saúde do que fumar meio maço de cigarro por dia".
4) Homens casados vivem 12 anos a mais. Mulheres casadas vivem 7 anos a mais.
Ponto 2: Exercício regular e manutenção da saúde melhoram a terceira idade
Pequenas quantidades de exercício podem ter um efeito desproporcional na felicidade.
De acordo com uma nova revisão de pesquisas sobre bom humor e atividade física, pessoas que se exercitam mesmo que apenas uma vez por semana ou por apenas 10 minutos por dia tendem a ser mais alegres do que aquelas que nunca se exercitam. E qualquer tipo de exercício pode ser útil.
A ideia de que o movimento pode afetar nosso humor não é nova. Muitos de nós provavelmente diriam que nos sentimos menos irritados ou mais relaxados após uma corrida ou visita à academia.
A ciência geralmente concorda conosco. Vários estudos anteriores notaram que pessoas fisicamente ativas têm muito menos riscos de desenvolver depressão e ansiedade do que pessoas que raramente se movem.
Mas essa pesquisa focou nas relações entre exercício e problemas psicológicos como depressão e ansiedade. Poucos estudos anteriores exploraram as ligações entre atividade física e emoções positivas, especialmente em pessoas que já eram psicologicamente saudáveis, e esses estudos muitas vezes olhavam para um único grupo etário ou tipo de exercício.
Por si só, eles não nos dizem muito sobre as quantidades ou tipos de exercício que podem melhorar nosso humor, ou se a maioria de nós pode esperar encontrar maior felicidade com exercício regular ou apenas certos grupos de pessoas.
Então, para a nova revisão, no Journal of Happiness Studies, pesquisadores da Universidade de Michigan decidiram agregar e analisar vários estudos anteriores sobre exercício e felicidade.
A maioria deles era observacional, o que significa que os cientistas simplesmente observaram um grupo de pessoas, perguntando quanto elas se exercitavam e quão felizes elas eram. Alguns dos estudos foram experimentos em que as pessoas começaram a se exercitar e os pesquisadores mediram sua felicidade antes e depois.
E para a maioria deles, os pesquisadores de Michigan descobriram que o exercício estava fortemente ligado à felicidade.
O tipo de exercício não parecia importar. Algumas pessoas felizes caminhavam ou corriam. Outros praticavam posturas e alongamentos estilo yoga.
E a quantidade de exercício necessário para influenciar a felicidade era pequena. Em vários estudos, pessoas que se exercitaram apenas uma ou duas vezes por semana disseram que se sentiam muito mais felizes do que aquelas que nunca se exercitaram. Em outros estudos, 10 minutos por dia de atividade física estavam ligados a melhora no humor.
Ponto 3: Dinheiro não compra felicidade, mas serve como um protetor contra o estresse
Estudos recente tem demonstrado que existe uma relação logarítmica entre a percepção de bem-estar emocional e renda. Essa relação parece estagnar após o nível de $ 75.000 / ano, ou $ 6.250 por mês.
O que parece existir é uma melhora no bem-estar, que se correlaciona diretamente com a percepção de felicidade, a cada aumento de renda, até o ponto em que a segurança financeira para cobertura de saúde, educação, alimentação e convívio social esteja atendida. Depois deste ponto, maiores acúmulos de renda parecem impactar apenas em outro quesito - a avaliação de vida, que são os pensamentos que a pessoa tem sobre a sua vida como um todo.
Parece que mais dinheiro não traz felicidade, mas pouco dinheiro está associado com dor emocional (i.e insuficiente para o que essa pessoa considera como importante para a sua segurança psicológica em serviços como saúde, educação, alimentação e lazer).
Ponto 4: Mais experiências, menos coisas
Algumas evidências (agora da Harvard Business school) tem mostrado que gastar dinheiro com experiência pode trazer mais momentos de felicidade do que comprar objetos, como roupas, carros e smartphones.
Veja esse exemplo.
Um casal que está se preparando para uma lua-de-mel terá 3 momentos de felicidade:
Momento 1: Quando estão planejando para a experiência. Já é possível ver a liberação de neurotransmissores mesmo no ato do planejamento, o que aumenta a chance de bem-estar.
Momento 2: Durante a experiência. Essa fase pode ser alterada - o avião pode atrasar, chuva intensa, vinho quente… aqui estamos contando que o ato da experiência foi positivo.
Momento 3: Após a lua-de-mel. As pessoas tendem a guardar os momentos felizes das suas experiências e esquecer os ruins, o que contribuiu para mais bem-estar.
Essa percepção de felicidade gera um impacto mais duradouro que um objeto físico.
Ponto 5: Carreira de sucesso não é igual a felicidade
Nossa tendência como sociedade é imaginar que ser um grande realizador resolverá todos os nossos problemas.
Não é bem assim.
No estudo de Harvard, a amostra de participantes com "trabalhos mais prestigiados e mais dinheiro não eram mais felizes em suas vidas", diz Schulz.
A ideia de que você ficará satisfeito se perseguir uma realização orientada ao dinheiro - como uma grande promoção ou um valor de X reais na sua conta - empurra a felicidade para o futuro e sempre a mantém fora de alcance.
❇️ Recomendações
Programa para melhora do estilo de vida
Tenho usado o programa da Liti Saúde há algumas semanas e o que mais me chamou a atenção: O auto-monitoramento + estar sendo monitorado por um time de saúde (médico, nutri, cientista comportamental e educador físico) aumentou muito a minha accountability (responsabilização por falta de uma palavra melhor).
Ou seja, agora que eu tenho um feedback imediato entre o meu comportamento de exercício e alimentação, já faço escolhas melhores no dia-a-dia.
Se você tiver interesse em iniciar esta jornada também, eu tenho um cupom de desconto para o primeiro mês : )
Audiolivros
Eu sou assinante da Audible (by Amazon) há 2 anos e tem sido incrível!
Poder ouvir livros ou mesmo ouvir + ler ao mesmo tempo (o que aumenta a velocidade e retenção) foi algo que me ajudou a manter a regularidade na leitura. Com o Audible você paga uma assinatura mensal que te dá direito a escolher um livro por mês. Eu geralmente acabo acumulando créditos. Hoje tenho 7 créditos na conta.
🛠️ Hacks de produtividade
Você já percebeu que muitas ideias surgem enquanto você está tomando banho? Pois é, li um post recente do fundador do Morning Brew - Alex Lieberman e me inspirei para comprar um notepad para o banho 🌊 .
Eu acabo tendo algumas ideias no banho, que depois realmente acabo esquecendo:
- Ideia para post no Linkedin
- Lembro de entrar em contato com alguém que não falo há alguns meses
- Uma saída simples para um problema no trabalho
Como esse da foto não está disponível no Brasil, resolvi pegar um no AliExpress, vamos ver se chega 😅 .
💭 Citação
Você conhece as brechas ou gaps de cuidado da jornada de saúde do paciente? Este artigo mostra os detalhes da jornada. Vale a leitura.
Via Readwise
Por hoje é só!
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Domingo que vem tem mais,
Abraço!
Thiago Liguori
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