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#21. Como funciona o time que toca um hospital? 🏥
Olá pessoal,
Nesta última semana parei para lembrar do tempo em que eu atuava na linha de frente do sistema de saúde, com longas jornadas no Pronto-Socorro e UTI.

Naquela época, apesar de frequentar um hospital quase todos os dias (incluindo fim de semana), eu não tinha ideia da complexidade operacional ou dos atores que mantêm essa operação em pé.
Resolvi colocar no papel a estrutura organizacional que acontece nos bastidores de um hospital para conseguir proporcionar uma experiência de saúde aos seus pacientes.
Tempo de leitura : 5 minutos
💬 Em pauta
O ano era 2012. Eu atendia pacientes no Pronto-Socorro de uma dos maiores grupos hospitalares do país.
A cada 15 minutos, um paciente entrava na minha sala para um atendimento.
Meu foco era estudar a literatura médica, acolher o paciente e conseguir definir, em alguns minutos, o melhor desfecho clínico.
Por trás da rotina do Pronto-Socorro, acontecia uma orquestração complexa, que envolvia diversas pessoas do hospital que não usavam jalecos.
Na época, eu entendia muito pouco sobre o real papel deles, sua rotina e como suas ações influenciavam diretamente:
o meu ambiente
o perfil de pacientes
os materiais e medicações disponíveis
a remuneração dos profissionais de saúde
a manutenção das instalações
a negociação do valor da consulta pago pelas operadoras
o nível da qualidade dos serviços
a logística de colaboradores de apoio
entre outros fatores
Então resolvi aprofundar com vocês no papel de algumas pessoas que eu vou chamar de: “o time sem jaleco”

Quem é o time sem jaleco?
Na rotina de um hospital, existem diversos profissionais executivos, diretores, gerentes e supervisores que, na maior parte dos casos, não atuam na assistência, mas tem um papel fundamental na operação diária.
Montei um organograma que ajuda a ilustrar:

Esta é uma versão ultra simplificada para ajudar a entender os principais conceitos.
Nós temos pessoas e áreas importantes que não aparecem aqui, como: Diretor de RH, Setor de Engenharia clínica, Diretor de TI, setor de suprimentos, setor de hotelaria hospitalar, entre muitos outros.
Além disso, em diferentes hospitais, uma mesma pessoa acumula diferentes papéis, dependendo do tamanho do hospital.
Mas de uma forma geral, a ideia é focar nestes atores, que são decisivos para o sucesso ou fracasso da empresa.

Conselho administrativo

O conselho de administração é uma ferramenta com potencial de maximizar a governança corporativa nas organizações de Saúde, priorizando decisões coletivas em detrimento das individuais.
Geralmente o grupo não tem um número fixo de participantes, mas, na maioria dos hospitais, é composto por diretor, tesoureiro, seus respectivos vices e provedores. Os demais integrantes podem ser diretores técnicos, clínicos, administrativos e até mesmo pessoas de fora da organização, mas que possuem conhecimento sobre o tema.
Sua implantação tem como objetivo melhorar a qualidade das decisões estratégicas e contribuir para mitigar riscos, entre outros fatores que demonstram o nível de evolução da maturidade de gestão hospitalar.
O papel do conselho é supervisionar as atividades gerenciais, sendo responsável pela estratégia da organização. É ele que dá as orientações gerais dos negócios, bem como seu parecer sobre o relatório de contas.
CEO

#voltaJackDorsey - Piada interna : )
A Saúde foi um dos últimos setores a trazer executivos com experiência de mercado para os hospitais. Há 10, 15 anos atrás, era comum ver nessa cadeira um médico mais antigo e com prestígio na instituição, que tem sido substituído por profissionais (médicos ou não médicos) com conhecimento e experiência de gestão.
O CEO é o executivo de mais alto escalão em qualquer empresa.
Ele faz parte do grupo de executivos conhecidos como C-suite, nível C ou alta gestão. É responsável por todas as principais decisões a serem tomadas e pela imagem geral e sucesso do hospital.
Normalmente eleito ou contratado pelo conselho de administração, o CEO também é a pessoa que se comunica com o conselho para transmitir os objetivos-chave e resultados durante o ano.
Os CEOs supervisionam as operações do hospital e também são vistos como o rosto ou identidade da empresa.
Estas são algumas habilidades que se espera que os CEOs de hospitais tenham:
Habilidades organizacionais para simplificar processos e melhorar eficiência
Habilidades interpessoais para trabalhar bem com outros líderes e chefes de departamento
Habilidades analíticas para avaliar cada objetivo estratégico, de modo que a empresa possa alcançar o sucesso
Habilidades de gestão e liderança para direcionar a visão da empresa por meio dos seus colaboradores
Diretor(a) financeiro(a) / administrativo(a)

O papel do diretor financeiro em um hospital é fazer a gestão do faturamento de contas hospitalares, enquanto controla os custos operacionais, como folha de pagamento, custos com medicamentos, equipamentos e estrutura física.
Um trabalho complexo dentro do cenário atual da saúde!
Algumas iniciativas que um diretor financeiro supervisiona ou participa ativamente:
Negociação de tabelas com planos de saúde (é aqui que surge o VCMH - Variação de custos médico-hospitalares)
Centro de custos - insumos, logística, estoque, fornecedores
Planejamento de orçamento anual e trimestral
Diretor(a) médico(a) / técnico(a)

O diretor médico, também conhecido como diretor técnico, geralmente é um médico mais antigo da instituição, que já passou pela cadeira de coordenador de alguma área (PS, UTI, centro cirúrgico…) ou especialidade (Cardiologia, Cirurgia, GO…).
Um dos seus principais papéis é a gestão do corpo clínico. No modelo hospitalar atual, o médico acaba sendo um cliente do hospital também, assim como os pacientes, já que, muitas vezes, é ele ou ela que leva a demanda de clientes e gera o faturamento.
Algumas iniciativas que um diretor médico supervisiona ou participa ativamente:
Gestão dos comitês e comissões (Comissão de infecção hospitalar, comitê de ética…)
Controle da gestão de leitos - vacância, superlotação, necessidade de novos leitos (esta atuação foi muito presente durante a pandemia, em que leitos precisavam ser ressignificados para atender pacientes com covid-19)
Gestão de qualidade e compliance - controle de eventos adversos, protocolos assistenciais
Conclusão:
Enquanto eu atendia no pronto-socorro, todos estes atores estavam atuando a todo vapor para fazer a máquina hospitalar girar e suas decisões influenciavam diretamente a minha atuação.
O que vocês acham? Me ajudem com feedbacks respondendo este e-mail : )
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Via Readwise
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Thiago Liguori

