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# 02. As habilidades do profissional da saúde do futuro
Cuidar de pacientes não é tarefa fácil e o cenário está mudando rápido.
Oi pessoal,
Esta semana entrei para o time de Creators do Linkedin! 🤓
Depois de bater um papo com a redatora de saúde Luisa Granato no escritório deles em São Paulo, mergulhei em um tema que me chamou atenção - as habilidades necessárias para o profissional da saúde do futuro. Vou soltar um post na segunda com alguns highlights, mas vou mostrar por aqui todo o racional por trás.
💬 Em pauta
Identifiquei sete (7) habilidades, técnicas e interpessoais, que eu julgo serem vitais para a rotina diária do profissional de saúde do futuro. Vamos lá!
👉️ Interface colaborativa com algoritmos e modelos de linguagem
O uso de modelos de linguagem como o chatGPT vão se tornar rotineiros em 2030. Eles estarão integrados aos prontuários, receituários digitais e modelos conversacionais (interação com pacientes).
Aprender a operá-los com os melhores comandos (prompts) será uma habilidade relevante, já que os algoritmos terão mais conhecimento técnico do que 99% do time.
Estamos acostumados com uma interação no formato “input-output” ao usar software em saúde, mas estaremos diante de uma nova interface que eu chamei de raciocínio clínico 2.0, em que a capacidade de colaborar com algoritmos em um ciclo contínuo de interações será a melhor forma de entregar cuidado em saúde.
👉️ Adaptabilidade e ciclos de aprendizados mais curtos
Capacidade de se adaptar rapidamente a novas tecnologias e práticas de saúde. Nada de cursos de 18 meses. Vamos ver ciclos menores, de 4, 6 e 8 semanas, focados no desenvolvimento de hard skills (habilidades mais técnicas) e integrados com a prática clínica, em uma interação aprendizagem rápida e enxuta.
A motivação de continuar aprendendo mesmo após um momento de estabilidade na carreira vão diferenciar ainda mais os melhores profissionais. Cai o número de profissionais pouco atualizados e cresce os que ganham habilidades fora do escopo tradicional da literatura médica e de saúde.
👉️ Descanso Intencional para Prevenir Sobrecarga e Estresse
Sintomas de burnout chegam a atingir mais da metade dos profissionais de saúde em algum momento da carreira.
Parte da adaptabilidade e aprendizado contínuo (uma das habilidades mencionadas anteriormente) envolve também entender a importância do autocuidado e do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Os profissionais de saúde do futuro precisarão praticar o "descanso intencional" como meio de prevenir a sobrecarga e o estresse, que são problemas comuns no setor da saúde.
Descanso intencional é a prática de reservar tempo regular e de forma consciente para atividades de recuperação física e mental, como meditação, hobbies, atividade física, tempo de qualidade com entes queridos, entre outros. Isso está intrinsecamente ligado à resiliência emocional, que é crucial para enfrentar os desafios da profissão.
Esta prática deve ser incentivada não apenas pelo próprio indivíduo, mas também pelas instituições de saúde, que devem promover uma cultura que valorize o bem-estar dos funcionários.
O descanso intencional, portanto, contribui tanto para a eficiência do profissional de saúde quanto para a qualidade do cuidado ao paciente. Poderemos ver isso entrando na rotina de trabalho, como fortemente sugerido ou até obrigatório. Ex: Intervalo de 15 minutos após cada 60 minutos de atendimento ao paciente.
👉️ Exercício da liderança, independente do cargo
A liderança não é uma habilidade exclusiva dos que ocupam cargos de gestão. É cada vez mais importante que todos os membros da equipe de saúde possam exercer liderança em suas respectivas funções. Isso implica a habilidade de influenciar positivamente outras pessoas, trabalhar efetivamente em equipe, tomar iniciativa e tomar decisões informadas (especialmente baseada em dados).
Comunicar-se de forma efetiva e resolver problemas complexos são fundamentais para essa forma de liderança. Além disso, a empatia e a humanização são qualidades que reforçam a capacidade de liderança, uma vez que permitirão que o profissional compreenda melhor as necessidades da equipe e dos pacientes.
Além disso, a liderança nesse contexto também envolve a habilidade de adaptar-se às mudanças e ser um exemplo para outros, promovendo uma cultura de aprendizado contínuo.
Assim, exercer a liderança independentemente do cargo pode levar a uma melhor colaboração, maior eficiência e melhores resultados para os pacientes.
👉️ Olhar de projeto e produto
Roadmap, metas, OKRs, KPIs, design sprint, teste e iteração parecem grego para você?
Eles devem entrar na rotina diária dos profissionais de saúde, já que a implantação dessas metodologias na assistência em saúde já está mostrando resultados animadores. (Exemplo: o protocolo de prevenção de queda em hospitais está ficando cada vez mais próximo de um feature / diferencial de qualidade do que um simples serviço prestado pela equipe).
Com o objetivo de melhorar a performance, pessoas com habilidades em gestão de projeto e produto devem ser vistos com frequência pelos corredores dos hospitais e clínicas, gerando impacto em escala por toda a instituição.A habilidade para coordenar equipes multidisciplinares e gerir recursos de maneira eficiente também serão positivamente influenciados.
👉️ Visão analítica da sua contribuição ao paciente - KPIs individuais de impacto
Habilidades em análise de dados, incluindo estatística, uso de softwares analíticos (PowerBI, Metabase, Datastudio), linguagem de de dados SQL e interpretação de dados deixarão a bancada de pesquisa e aquela sala mais afastada do estatístico / cientista de dados para virar protagonista na rotina de saúde. Decisões data-driven (baseadas em dados) associadas a algoritmos e um toque de experiência humana serão frequentes no cuidado em saúde.
Profissionais com capacidade de interpretar dados brutos e transformá-los em insights acionáveis para melhorar o atendimento ao paciente e a eficiência operacional se tornarão os líderes e gestores desta geração de profissionais.
👉️ Comunicação mais profunda e significativa com o paciente
Deixei essa por último, mas é mais importante. 💡
Todo o tempo economizado com burocracias (cerca de 51% do tempo assistencial hoje) deverá ser convertido em tempo de qualidade com o paciente. Agora vem um olhar mais profundo, mais conectado.
Não será incomum um médico passando longos períodos discutindo as opções de tratamento com o seu paciente, conhecendo a sua família. Uma pós-consulta que envolve uma volta pelo centro de quimioterapia. Uma pré-consulta com onboarding na plataforma de chat. Um café com o paciente para entender os seus medos do tratamento.A habilidade de conexão com os pacientes de maneira empática e humana, apoiado por ferramentas que tornam fluida a rotina.
Consciência cultural e sensibilidade para lidar com pacientes de diferentes origens e contextos. ◾️
❇️ Recomendações
[Como fazer uma proposta de venda para "dummies”?] - Minha melhor descrição desse livro, que acabei de ler essa semana. Curto e dinâmico.
Historicamente, eu sempre tive dificuldade em entender como funciona uma proposta de venda online. Esse livro do Alex Hormozi chamado “100M Offers” me ajudou a entender melhor a ciência comportamental por trás disso. Em alguns momentos, ele força um pouco no estilo "salesy" (calma Alexx!), mas os insights sobre "com fazer uma proposta tão boa que a pessoa se sinta idiota falando não” amarram bem com a proposta do livro.
Fiquei surpreso com o resultado desta pesquisa da empresa de consultoria WTW. O mercado de saúde para empresas está passando por um momento de transição, com novas dores, novas demandas e empresas ainda pouco preparadas para atender a visão de saúde das empresas. Vale a leitura.
🛠️ Hacks de produtividade
Comecei as testar uma plataforma para rastrear as respostas de e-mail chamada Mailtrack (Gmail) e tem funciona bem para saber quem:
Leu os e-mail que você enviou
Baixou o pdf anexado
Ou clicou em um link.
👀 Citação
Spectrum health reduz visitas ao pronto-socorro em 5% e economiza U$ 1 milhão, com satisfação dos pacientes em 90%.
Via Readwise
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Domingo que vem tem mais,
Abraço!
Thiago Liguori (Doc)
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