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🏥 Pacientes dos SUS agora podem usar "vale consulta" no sistema privado
Olá pessoal,
Recentemente o governo federal criou um novo programa focado na atenção secundária, chamado “Agora tem especialistas”.
No fim do dia, por mais que o SUS seja um sistema centralizado na atenção primária, com alta capilaridade via UBS (Unidade básica de saúde) e PSF (Programa saúde da família), a atenção secundária (médicos especialistas) ainda é a base do atendimento no dia-a-dia.
O novo programa tem pontos positivos e negativos, que vou explorar hoje com você.
Boa leitura!
Tempo de leitura : 5 minutos
💬 Em pauta
O nosso sistema público de saúde foi desenhado para funcionar como uma pirâmide de consumo, em que boa parte dos atendimentos e recursos são alocados no “Cuidado primário” ou atenção primária.

O racional é o seguinte:
Bons médicos generalistas guiam os pacientes pela atenção secundária e terciária.
Mas, infelizmente, isso não aconteceu e nós criamos uma dependência grande da atenção secundária, que acontece por diversos fatores:
Baixa resolutividade na atenção primária (que deveria ser de 70-80%)
Centralização do fluxo de procedimentos com especialistas
Cultura do brasileiro de "querer passar com especialista”
Resultado: Sobrecarga no segundo andar desse prédio.
Nós perdemos essa batalha há anos e vivemos uma operação “seca gelo", em que as filas aumentam, geram pressão pública e o governo precisa sempre tirar um coelho da cartola para equilibrar essas filas.
O novo programa “Agora tem especialista” segue o mesmo playbook dos últimos anos: Bora fazer um mutirão para zerar as filas.

Mas dessa vez entrou algo diferente na relação do sistema público de saúde e privado.
Uma parceria para ampliar e nacionalizar essa interação, com budget de R$ 2bi / ano para credenciamento de clínicas e hospitais privados, além de R$ 4.4bi / ano para troca de dúvidas por atendimento a pacientes SUS.
É como um “vale consulta”, em que os pacientes do SUS poderão usar nas operadoras de saúde.

Isso pode resgatar um ideal que remete à criação do sistema de saúde suplementar no Brasil, que é de fato SUPLEMENTAR o SUS e não substituí-lo.
Se essa engrenagem funcionar, poderemos ver uma interação maior de pacientes do SUS em clínicas e hospitais privados, potencialmente fortalecendo o mercado OOP (out-of-pocket), fazendo com que mais pacientes paguem do bolso por consultas, exames e cirurgias.
Desafiador, mas possível.
O que você achou do novo programa?
Por hoje é só!
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Domingo que vem tem mais,
Abraço!
Thiago Liguori


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