• Carta do Doc
  • Posts
  • # 17. 😨 Solidão como um problema de saúde

# 17. 😨 Solidão como um problema de saúde

Olá pessoal,

News chegando na segunda por motivos de feriadão com a família : )

Passar o dia em casa vendo Netflix é considerado, por algumas pessoas, um momento muito solitário. Por outras, um domingo ideal. 👀 

Mas vou compartilhar hoje o que aprendi na minha carreira (durante os anos de consultório, hospital) e o que eu considero um sério problema de saúde do século 21 - a solidão.

Tempo de leitura : 5 minutos

💬 Em pauta

Um editorial recente do Lancet colocou luz sobre o tema solidão.
Algo que até poucos anos não era olhado com atenção pela comunidade médica e científica.

Hoje já sabemos que a solidão, ou ter conexões sociais frágeis / pobres estão associadas a um aumento do risco de:

  • Doenças cardiovasculares

  • Hipertensão

  • Diabetes

  • Doenças infecciosas

  • Função cognitiva prejudicada

  • Depressão e ansiedade.

Além disso, o isolamento social possui um risco comparado a fumar 15 cigarros por dia.

Mas a solidão pode ou deve ser abordada por meio de uma abordagem de saúde pública?

Em maio de 2023, o US Surgeon general, Dr. Vivek Murthy (cargo equivalente ao ministro da saúde, publicou um arquivo de 85 páginas sobre a relevância da solidão para a saúde pública e como os EUA planejam abordá-la.

"A nossa epidemia de solidão e isolamento tem sido uma crise de saúde pública subestimada que prejudicou a saúde individual e da sociedade. Nossos relacionamentos são uma fonte de cura e bem-estar escondida à vista de todos - algo que pode nos ajudar a viver vidas mais saudáveis, mais realizadas e mais produtivas", disse o Cirurgião-Geral dos Estados Unidos, Dr. Vivek Murthy.
"Dadas as graves consequências para a saúde da solidão e do isolamento, devemos priorizar a construção de conexões sociais da mesma forma que priorizamos outros problemas críticos de saúde pública, como tabagismo, obesidade e transtornos relacionados ao uso de substâncias. Juntos, podemos construir um país mais saudável, mais resiliente, menos solitário e mais conectado."

Dr. Vivek Murthy

Um outro estudo que me chamou muito atenção mostrou um aumento de 50% na sobrevida 😱 em pessoas com relações sociais bem estabelecidas (= sem solidão). 👇️ 

A minha visão geral sobre o tema:

Solidão não é sobre quantos amigos você tem ou quantas pessoas estão em sua vida.

Solidão é sobre conexão.



Muitas vezes, assumimos que as pessoas que passam muito tempo sozinhas estão solitárias, quando na realidade, elas podem estar perfeitamente contentes e plenas.

Enquanto aquelas que estão constantemente cercadas por outras pessoas podem se sentir vazias e desconectadas.

Solidão é sentir que você não consegue se relacionar com outros ao seu redor e que está tendo uma experiência própria e estranha no mundo.

Durante meus anos cuidando de pacientes no Hospital das Clínicas, Hospital Sírio-Libanês e Hospital Samaritano, a patologia mais comum que observei não foi doença cardíaca ou diabetes: foi a solidão.

▶ O idoso que vinha ao meu consultório a cada poucas semanas buscando alívio para a dor no peito também estava em busca de conexão humana: ele estava solitário.

▶ A mulher de meia-idade lutando contra o câncer que não tinha ninguém para ligar e informar que estava doente: ela também estava solitária.

Descobri que a solidão muitas vezes estava nos bastidores das doenças clínicas, tornando a vida mais difícil para os pacientes.

É bem possível que você ou alguém que você conheça tenha enfrentado a solidão.

E isso pode ser um problema grave.

A solidão e conexões sociais frágeis estão associadas a uma redução na expectativa de vida semelhante à causada pelo consumo de 15 cigarros por dia e até maior do que a associada à obesidade.

Mas não dedicamos o mesmo esforço para fortalecer os laços entre as pessoas como fazemos para combater o tabagismo ou a obesidade.

A solidão também está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares, demência, depressão e ansiedade.

No ambiente de trabalho, a solidão reduz o desempenho nas tarefas, limita a criatividade e prejudica outros aspectos da função executiva, como raciocínio e tomada de decisões.

A solidão é uma epidemia de saúde em crescimento.

Vivemos na era mais tecnologicamente conectada da história da civilização, no entanto, as taxas de solidão dobram desde a década de 1980.

Hoje, mais de 40% dos adultos nos EUA relatam sentir solidão, e a pesquisa sugere que o número real pode ser ainda maior.

Será que o Brasil possui indicadores melhores ou piores de isolamento social?

Por um lado, temos os piores índices de saúde mental do mundo. (como a CEO da Vittude, Tatiana Pimenta, mostrou no evento Vittude Awards essa semana). 👇️ 

Por outro lado, o Brasil tem uma percepção cultural diferente sobre conexões sociais, sendo considerado um povo mais caloroso ou próximo, o que poderia ajudar com a solidão.

No entanto, o número de pessoas que relatam ter um confidente próximo em suas vidas tem diminuído ao longo das últimas décadas.

No ambiente de trabalho, muitos funcionários - e metade dos CEOs - relatam sentir solidão em seus cargos.

Comece a olhar para si e ao redor. O primeiro passo é o reconhecimento.

❇️ Recomendações

Podcast sobre mercado, tecnologia e muito mais

Tenho acompanhado o podcast All-in há 1 ano. São 4 amigos que formam a velha guarda do Vale do silício (empreendedores bem-sucedidos de tecnologia e investidores de fundo) em. uma química engraçada e leve. Aprendi muito sobre startups e tecnologia com eles. Vale assistir.

🛠️ Hacks de produtividade

Durante um dia normal para um profissional de saúde, por volta de 49% é gasto com burocracia. Isso é, na maioria dos casos, igual a digitar durante metade do seu dia.

Quanto maior a sua velocidade de digitação, mais rápido você avança pelas tarefas.

Eu tenho usado o Typingclub gratuito para aumentar a minha velocidade! Vale testar.

💭 Citação

Nesta pesquisa, cerca de 85% dos pacientes reportaram que a compaixão do médico era mais importante que tempo de espera ou preço da consulta. 👀 

Por hoje é só!

Mandem feedbacks, é só responder esse e-mail.

Se você achou o conteúdo interessante, compartilhe.

Domingo que vem tem mais,

Abraço!

Thiago Liguori