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🚨 Possível fusão entre Rede D'Or e Fleury + Tasy à venda
Olá pessoal,
Duas bombas chegaram no mercado essa semana.
Possível fusão entre Rede D'Or e Fleury (liderada pelo Bradesco)
Philips coloca o Tasy à venda (#2 maior prontuário eletrônico em grandes hospitais no Brasil.
Como houve grande repercussão do post dessa semana no Linkedin, resolvi aprofundar a análise no contexto do Tasy e no mercado de prontuário eletrônico.
Regulação intensa, sistemas fragmentados, legados, rodando em servidores locais, dificuldade de internacionalização, são apenas alguns dos desafios desse mercado.
E poucos dias depois esse rumor no mercado… 👇️

Tempo de leitura : 5 minutos
💬 Em pauta
O sonho acabou?
O Tasy foi comprada pela Philips em 2010, criando a possibilidade de palco internacional para o time de Blumenau, agora com a capilaridade dos holandeses.
A ideia era simples:
Colocar a Tasy no palco global para que ele fosse o sistema de gestão de informação em saúde principal para toda a cadeia de distribuição, com âncora no México e posteriormente nas principais praças que a Philips atua.

Mas o Tasy carrega um legado significativo do sistema e paga um preço alto devido à customização intensa do seu produto. Na prática isso quer dizer que existem hospitais na mesma rua que podem rodar versões totalmente diferentes e customizadas do Tasy. Isso dificulta a escalabilidade de expansão e internacionalização do produto.
Além disso temos a regulação dos prontuários eletrônicos.
Primeiro saiu a resolução do CFM em 2002.

Mas apenas em 2018 tivemos uma lei para suportar o manuseio…

Que trouxe 2 pontos importantes:
“CONSIDERANDO que compete à instituição de saúde e/ou ao médico o dever de guarda do prontuário, e que o mesmo deve estar disponível nos ambulatórios, nas enfermarias e nos serviços de emergência para permitir a continuidade do tratamento do paciente e documentar a atuação de cada profissional;”
“CONSIDERANDO que as instituições de saúde devem garantir supervisão permanente dos prontuários sob sua guarda, visando manter a qualidade e preservação das informações neles contidas;”
Ou seja, as instituições que ainda não tinham prontuário começaram a correr atrás. Motivadas por custo, foram atrás do player de Recife, mais custo efetivo - MV Sistemas, que hoje tem cerca de 35-40% de market share em grandes hospitais, enquanto Tasy tem 25-30% (dados estimados).
Hoje temos um mercado com duopólio entre MV e Tasy, mas com possibilidade para novos entrantes com fôlego e capital.
Acho que podemos nos surpreender com um comprador não óbvio, que olhe para o Tasy como um canal de distribuição de soluções de IA ou mesmo um pool rico para big data.
Agora sobre a possível fusão entre a Rede D'Or e Fleury.
Tudo começou com essa coluna no Globo que saiu hoje:
Fiz uma análise sobre o que poderia resultar dessa união estável.
UM IMPÉRIO DE R$ 59 BILHÕES
A receita combinada entre Rede D’Or e Fleury chegaria a impressionantes R$ 59 bilhões anuais logo no primeiro dia de operação, unindo os R$ 51,3 bilhões da gigante hospitalar aos R$ 7,7 bilhões do grupo de diagnósticos. O EBITDA conjunto chegaria próximo de R$ 10,5 bilhões, consolidando uma operação de grande escala.
Em valor de mercado, a dupla alcançaria R$ 79,6 bilhões, considerando os R$ 72,6 bilhões da Rede D'Or somados aos R$ 6,99 bilhões do Fleury. Esse montante posicionaria automaticamente o novo grupo entre os cinco maiores do país em capitalização.
A MAIOR FORÇA DE SAÚDE DA AMÉRICA LATINA
A infraestrutura resultante desta fusão seria verdadeiramente impressionante. O novo conglomerado reuniria 78 hospitais com 12.724 leitos, além de 55 clínicas oncológicas da Rede D'Or, somados às aproximadamente 487 unidades de diagnóstico da rede Fleury/Pardini. Essa capilaridade cobriria 15 estados brasileiros, criando uma malha de atendimento sem precedentes no país.
O capital humano envolvido também chama atenção: seriam cerca de 99 mil colaboradores diretos, resultado da soma dos 76 mil funcionários da Rede D'Or com os 22 mil do Fleury. A isso se adiciona uma rede credenciada de mais de 110 mil médicos, configurando efetivamente a maior força de trabalho em saúde privada da América Latina.
O volume operacional anual projetado é bem robusto, com mais de 5 milhões de atendimentos emergenciais, aproximadamente 5 milhões de consultas ambulatoriais e mais de 150 milhões de exames. Todo esse fluxo passaria a circular dentro do mesmo ecossistema integrado, criando oportunidades únicas de sinergia e eficiência.
REDEFININDO O MAPA COMPETITIVO
O novo grupo passaria a concentrar aproximadamente 24% da receita total da saúde suplementar brasileira, processando seus R$ 59 bilhões dentro de um mercado que movimentou R$ 242,6 bilhões em 2024. Além da escala impressionante, a verticalização entre diagnósticos e serviços hospitalares criaria pressões competitivas significativas sobre players regionais como Dasa, Hapvida/NotreDame.
Essa integração vertical também elevaria consideravelmente as barreiras de entrada no setor, exigindo que novos competidores tenham não apenas capital substancial, mas também capacidade de oferecer soluções integradas comparáveis. O efeito cascata dessa concentração provavelmente forçará consolidações adicionais no mercado.
OBSTÁCULOS NO CAMINHO
Apesar do potencial transformador, a transação enfrentaria desafios consideráveis. A aprovação pelo CADE será bem sensível, especialmente considerando as sobreposições geográficas entre laboratórios e hospitais em algumas regiões. Felizmente, a concentração deve permanecer abaixo de 35% na maioria dos mercados urbanos, o que pode facilitar o processo regulatório.
A complexidade acionária adiciona outra camada de desafio. O Bradesco, detentor de 23% do Fleury, será peça fundamental nas negociações. Curiosamente, o banco já opera a joint venture Atlântica D'Or em parceria com a Rede D'Or, o que pode tanto facilitar quanto complicar as discussões, dependendo dos interesses estratégicos envolvidos.
Qual você acha que pode ser o caminho mais provável nessa relação entre Rede D'Or e Fleury?
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Por hoje é só!
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Domingo que vem tem mais,
Abraço!
Thiago Liguori

