- Carta do Doc
- Posts
- 💰Top 10 medicamentos (em vendas globais)
💰Top 10 medicamentos (em vendas globais)
Olá pessoal,
Uma das melhores formas de entender a evolução dos mercado de saúde é acompanhar a receita global dos top medicamentos.
Essa informação tem uma forte relação com o comportamento de clínicas e hospitais.
Esse efeito ficou claro à medida em que medicamentos e terapias oncológicas começavam a ganhar o palco principal nos top medicamentos a nível global, o que refletiu em grandes investimentos no Brasil e no exterior nos centros de infusão de quimioterapia, inclusive com alas e hospitais inteiros dedicadas à Oncologia.
Agora estamos vendo o mesmo efeito com as “terapias metabólicas", principalmente puxado pelos agonistas da GLP-1 (Ozempic, Wegovy, Mounjaro, entre outros).
Enquanto, em 2019, dos top 10 medicamentos, cinco (5) eram oncológicos, na lista atual de 2025 são apenas dois (2).
Tempo de leitura : 5 minutos
💬 Em pauta
Estes são os 10 medicamentos com maior receita em 2025 (até o momento).
Fonte: Balanço trimestral dos laboratórios. (Q1+Q2).

Já a projeção foi publicada na Nature no ano passado 👇️
1) Keytruda
Substância → pembrolizumabe
Laboratório → Merck & Co.
Receita mensal → $2.53 bi/mês
Doenças que trata → câncer de pulmão, melanoma, rim, cabeça e pescoço, bexiga, MSI-H/dMMR, entre outros
Especialidade → oncologia clínica
Tempo médio de tratamento → até progressão/toxicidade (≈6–24 meses; adjuvante 6–12 meses)
Racional de crescimento → expansão de indicações (incluindo adjuvante/neoadjuvante), entrada em linhas mais precoces, dados de sobrevida robustos e liderança na classe anti-PD-1 com forte penetração global.
2) Ozempic
Substância → semaglutida (injeção semanal)
Laboratório → Novo Nordisk
Receita mensal → $1.66 bi/mês
Doenças que trata → diabetes tipo 2 (controle glicêmico e risco CV)
Especialidade → endocrinologia, clínica médica
Tempo médio de tratamento → crônico/contínuo
Racional de crescimento → eficácia de GLP-1 com perda de peso relevante, “efeito halo” do uso para obesidade (mesmo com rótulo T2D), maior cobertura de planos e expansão geográfica; demanda supera oferta em vários mercados.
3) Mounjaro
Substância → tirzepatida (dual GIP/GLP-1)
Laboratório → Eli Lilly
Receita mensal → $1.51 bi/mês
Doenças que trata → diabetes tipo 2
Especialidade → endocrinologia
Tempo médio de tratamento → crônico/contínuo
Racional de crescimento → superioridade em A1c e perda ponderal vs GLP-1s em estudos, rápida adoção por médicos/pagadores, ganho de participação em T2D e “spillover” de demanda por conta do desempenho em obesidade (mesmo com marca própria para essa indicação).
4) Dupixent
Substância → dupilumabe
Laboratório → Sanofi (com Regeneron)
Receita mensal → $1.41 bi/mês
Doenças que trata → dermatite atópica, asma tipo 2, rinossinusite crônica com pólipos nasais, prurigo nodular, esofagite eosinofílica
Especialidade → dermatologia, alergia/imuno, pneumologia, otorrino, gastro
Tempo médio de tratamento → crônico/contínuo
Racional de crescimento → perfil de eficácia/segurança consistente em múltiplas doenças inflamatórias tipo 2 e ampliação de rótulo para faixas etárias/novas indicações, com retenção alta e forte expansão fora dos EUA.
5) Skyrizi
Substância → risanquizumabe
Laboratório → AbbVie
Receita mensal → $1.31 bi/mês
Doenças que trata → psoríase em placas, artrite psoriásica, doença de Crohn
Especialidade → dermatologia, reumatologia, gastroenterologia
Tempo médio de tratamento → crônico/contínuo
Racional de crescimento → eficácia líder e posologia conveniente (após indução, manutenção trimestral), migração de pacientes pós-Humira/LOE e novas indicações em gastro que ampliam base tratável.
6) Eliquis
Substância → apixabana
Laboratório → Bristol Myers Squibb / Pfizer
Receita mensal → $1.21 bi/mês
Doenças que trata → FA não valvar (prevenção de AVC), tratamento/profilaxia de TVP/EP
Especialidade → cardiologia, clínica médica, hematologia, geriatria
Tempo médio de tratamento → longo prazo/indefinido em FA; 3–6+ meses em TVP/EP
Racional de crescimento → envelhecimento populacional e maior diagnóstico de FA, preferência de diretrizes por DOACs, bom perfil de segurança/efetividade e ampla cobertura de planos.
7) Biktarvy
Substância → bictegravir + emtricitabina + tenofovir alafenamida (comprimido único)
Laboratório → Gilead Sciences
Receita mensal → $1.10 bi/mês
Doenças que trata → HIV-1 (terapia de início e switch)
Especialidade → infectologia
Tempo médio de tratamento → contínuo/indefinido
Racional de crescimento → regime em comprimido único com alta barreira a resistência, boa tolerabilidade e grande movimento de “switch” de esquemas antigos, mantendo liderança no tratamento crônico do HIV.
8) Darzalex
Substância → daratumumabe (IV e SC/Faspro)
Laboratório → Johnson & Johnson (Janssen) / parceria com Genmab
Receita mensal → $1.13 bi/mês
Doenças que trata → mieloma múltiplo (várias linhas, inclusive 1ª linha com combinações)
Especialidade → Onco-hematologia
Tempo médio de tratamento → até progressão; cursos frequentemente ≥12–18 meses
Racional de crescimento → adoção em esquemas de 1ª linha, formulação SC reduzindo tempo de cadeira, maior duração de uso e combinação com novos agentes que ampliam a base tratável.
9) Wegovy
Substância → semaglutida 2,4 mg
Laboratório → Novo Nordisk
Receita mensal → $1.00 bi/mês
Doenças que trata → obesidade/controle de peso em adultos (e adolescentes elegíveis)
Especialidade → endocrinologia, medicina da obesidade, clínica médica
Tempo médio de tratamento → crônico/contínuo
Racional de crescimento → resultados STEP com perda de peso robusta, aumento de consciência pública e médica sobre obesidade como doença crônica, expansão de cobertura e lançamentos em novos países; crescimento ainda condicionado por capacidade de produção.
10) Zepbound
Substância → tirzepatida (obesidade)
Laboratório → Eli Lilly
Receita mensal → $0.95 bi/mês (nota: H1 reportado majoritariamente EUA)
Doenças que trata → obesidade/controle de peso
Especialidade → endocrinologia, medicina da obesidade, clínica médica
Tempo médio de tratamento → crônico/contínuo
Racional de crescimento → eficácia de perda ponderal superior a GLP-1 isolado, explosão de demanda com filas de pacientes e progressiva expansão de cobertura; limitação principal tem sido oferta, não procura.
Nos últimos 10-15 anos, a Oncologia reinou sozinha na liderança.
O gasto global em medicamentos oncológicos ficou próximo de US$150 bi em 2018 e seguiu acelerando.
Disparando em primeiro lugar, o Keytruda (pembrolizumabe) fechou 2019 com US$11,1 bi de vendas mundiais (vs. ~US$7 bi em 2018).
Enquanto isso, os “metabólicos” (GLP-1) ainda eram menores, porém com um crescimento claro.
A Novo Nordisk reportou US$4,13 bi em GLP-1 para Diabetes tipo 2 em 2018 e US$4,98 bi em 2019. Dentro do mix, Ozempic saltou de US$0,29 bi em 2018 para US$1,68 bi em 2019.
A virada de escala veio de 2021 em diante. O gasto nos EUA com GLP-1 (diabetes + obesidade) chegou a US$71,7 bi em 2023, contra US$13,7 bi em 2018—>500% em cinco anos. Isso reflete mais indicações, maior cobertura e entrada de moléculas potentes como a tirzepatida.
No primeiro semestre desse ano, Ficou claro que os metabólicos já jogam no mesmo nível dos oncológicos líderes em receita. A Novo reportou Ozempic com US$9,97 bi em receita no semestre, enquanto a unidade de obesidade (majoritariamente Wegovy) somou US$6,00 bi. Na Lilly, o Mounjaro entregou US$5,20 bi só no 2º tri/25 (após um 1º tri forte), e Zepbound fez US$3,38 bi nos EUA no 2º tri/25.
A oncologia continua crescendo. Keytruda fez US$8,0 bi no 2º tri/25 (sustentando um primeiro semestre perto de US$15 bi), e o gasto com oncológicos nos EUA passou de US$65 bi (2019) para US$99 bi (2023), segundo o IQVIA. Ou seja: o “pico” oncológico continua a subir, porém os GLP-1 encostaram em termos de franquias multibilionárias.
Mas por quê essa aproximação?
O perfil de uso crônico e população-alvo enorme (DM2 + obesidade) ampliaram a base tratável por GLP-1, somados à evidências de benefício cardiovascular, maior cobertura e a capacidade de fabricação que continua crescendo.
Já na onco, há competição intra-classe, duração de tratamento muitas vezes limitada por linhas/inelegibilidade, e pressões de preço/regulatórias que podem moderar o crescimento por produto, apesar do bolo total continuar expandindo.
Por hoje é só!
Mandem feedbacks, é só responder esse e-mail.
Se você achou o conteúdo interessante, compartilhe.
Domingo que vem tem mais,
Abraço!
Thiago Liguori

