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# 54. 🔮 8 tendências para a saúde em 2025
Olá pessoal,
Primeiro a prestação de contas em relação às previsões de 2024 🔮:
IA generativa começa a ajudar com burocracias ✅
Novas startups começaram pilotos no mercado brasileiros, com resultados iniciais positivos. (mais sobre isso aqui).Telemedicina vira commodity ✅
Desaceleração do setor, fusão entre players para reduzir custo operacional, sem novos entrantes com rodadas de investimento significativas em 2024.Sinistralidade continua subindo ❌
As operadoras de planos de saúde e administradoras de planos de saúde por adesão registraram lucro operacional de R$ 3,3 bilhões nos nove primeiros meses, revertendo o prejuízo operacional de R$ 5,7 bilhões apurado no mesmo período de 2023 (Valor econômico).Fusões e aquisições aumentam ❌
Três fatores pegaram aqui: i. Alta da taxa de juros (10,50% » 12,25%), ressaca do prejuízo operacional das operadoras em 2023, iii. hospitais recebendo com atraso. Resultado = Fusões e aquisições ainda estagnadas.ANS aprova legislação para teto de reajuste em empresas 🫤 (mais ou menos)
A notícia veio faltando 15 dias para fechar o ano, então vou dar como um neutro rs).
Não veio um teto, mas a nova proposta da ANS é um piso (oi?), algo que está sendo criticado pelas operadoras.
Agora vamos a 2025!!
Tempo de leitura : 5 minutos
💬 Em pauta
Dessa vez vou trazer 8 tendências para a saúde no Brasil em 2025:
1. Plano de saúde
Previsão 2025: Operadoras voltam a ter lucro em 2025, retomando o cenário pré-pandemia
O mercado de operadoras e administradores de saúde está em crise desde 2021, quando acreditava-se que o aumentos nos custos eram apenas uma marola passageira relacionada ao represamento da era covid 🌊 , quando na verdade foi um tsunami composto por:
aumento do custo de insumos, materiais e medicamentos
aumento do número de consultas e exames per capita (as pessoas começaram a se preocupar mais com a sua saúde)
super indicação nas terapias e procedimentos de alto custo
Uma onda que só começou a voltar ao mar em 2024.
O ano de 2022 foi o pior da história do setor de planos de saúde (Amil liderou com R$ 1.6 bi negativo), desde o início da série histórica elaborada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a partir de 2001. O prejuízo operacional acumulado em 12 meses foi de R$ 11,5 bilhões, o maior em mais de duas décadas.
Neste mesmo ano, 43% das operadoras tiveram prejuízo operacional.
Pensa comigo…
É como se metade dos bancos tivessem prejuízo ao emprestar dinheiro aos seus clientes. Realmente o cenário do mercado de saúde estava bem difícil.
Mas para 2025, eu estimo que 70-80% das operadoras terão um resultado financeiro positivo, o que vai ajudar o setor como um todo, levando a:
Mais investimentos em tecnologia
Melhorias nos processos e jornada de cuidado
Abertura de novas unidades e mais contratações
Boas energias chegando este ano. ⭐️
PS:
Agora a dúvida que fica é: com um melhor resultado operacional, as operadoras vão diminuir o tempo de repasse para os hospitais aos níveis pré-pandemia (60-90 dias) ou vão manter o padrão de hoje (90-120 dias)? 🫠
2. Ferramentas de IA
Previsão 2025: Ferramentas de IA fazem parte de 50% das jornadas de saúde dos grandes players (direta ou indiretamente)
Calma, calma…
Eu sei que parece muito, mas aqui seria um cenário em que dentro de todas as interações dentro de uma instituição de saúde, em algum ponto da sua jornada (seja no contexto de cuidado - agendamento de consulta, transcrição do atendimento médico, ou burocrático - validação de uma guia de de pedido de exame, busca de rede credenciada) haverá interação com pelo menos uma ferramenta de IA.
Se você pensar que empresas como Dr. Consulta e Dasa já estão com essas iniciativas em produção (não é mais teste) e olhar essa pesquisa da McKinsey mostrando que 70% dos gestores em saúde já testaram ou planejam testar soluções de IA generativa, esse 50% começa ficar mais factível né?
Não temos dados confiáveis, mas estimo que o número de ferramentas IA esteja presente em 5-10% das jornadas dos grandes players hoje. (fora deles este número deve estar na casa dos 1-2%).
A adoção de ferramentas de IA na área da saúde vai continuar crescendo rapidamente, especialmente em casos de uso administrativo.
Eu vejo 3 grandes frentes de atuação no mercado (apresentei isso no evento Alice Health Summit em 2024):
Sendo que a admin e doctor-facing (interação com médicos) devem ser as estrelas de 2025. ⭐️
Apesar da evolução das ferramentas e agentes IA, que vão de OCR (optical character recognition) para transcrição de exames até o suporte à decisão clínica, ainda será necessária a presença de um “humano no loop” para verificação final da qualidade.
Sistemas de saúde e fornecedores estão experimentando agentes baseados em IA para entender como podem ser implantados para aumentar a automação e reduzir custos, e haverá uma demanda acelerada por testes e avaliação de novas ferramentas.
Algumas instituições podem ampliar o uso de inovações desenvolvidas internamente, como o caso da solução H Story no Hospital Albert Einstein, que ajuda com a sumarização do prontuário do paciente.
Para as startups de IA, compreender os fluxos de trabalho continuará a ser essencial, beneficiando empresas com soluções digitais ou baseadas em machine learning que já possuem histórico e que consigam incorporar, de forma eficaz e adequada, ferramentas baseadas em IA generativa, ajudando clínicos e administradores em seus fluxos de trabalho atuais e entregando um retorno sobre o investimento (ROI) mensurável.
Grande ganhador de 2025: Startup de IA ou instituição de saúde que conseguir mostrar ROI da sua solução de IA.
3. Wearables (dispositivos vestíveis) entram na rotina de cuidado das doenças crônicas
Previsão 2025: Dispositivos como o Apple Watch na fibrilação atrial e Freestyle Libre da Abbott
Os wearables com foco em saúde já estão no mercado há muitos anos, mas algo de diferente finalmente aconteceu, causando uma tempestade perfeita:
O letramento digital dos pacientes e médicos aumentou consideravelmente
Os dispositivos melhoraram a sua acurácia e insights na plataforma
As plataformas e prontuários médicos passaram a ficar mais integrados
Isso me deixa confiante com a penetração em massa destas soluções na prática clínica.
Outro fator que está contribuindo é a diminuição do custo dos dispositivos.
Alguns casos me chamam atenção:
O investimento massivo da Apple para tornar o apple watch um dispositivo de saúde (lançamento de detecção de apneia do sono e uso dos AirPods como aparelho auditivo)
O aumento do uso de monitores de ECG para detecção e monitoramento de arritmias nas clínicas e hospitais (Kardia da Neomed)
O aumento do uso de CGM (monitores contínuos de glicemia) entre pacientes diabéticos e prescrição por endocrinologistas.
Além disso, os dispositivos estão sendo incluídos nas diretrizes médicas para screening e monitoramento. (Diretriz Européia de Fibrilação atrial 2024 - recomenda o uso do apple watch para screening de Fibrilação atrial).
4. Multas por não conformidade com NR-1
Previsão 2025: A partir de Março/25, o Ministério do Trabalho vai começar a aplicar multas para empresas que não estiverem em conformidade com as alterações da NR-1
Esse é um ponto mais específico de saúde mental, mas acredito que será relevante para o mercado de saúde como um todo.
Em 2024, a Norma Reguladora n˚1 passou por uma mudança importante, incluindo a obrigatoriedade da identificação e gerenciamento dos riscos psicossociais no ambiente de trabalho.
De acordo com o Ministério do Trabalho, as empresas que não tiverem mapeado os riscos de saúde mental na rotina dos colaboradores ou iniciarem ações para mitigar estes riscos podem sofrer multas que vão até R$ 6 milhões!
Principais motivos de multa:
Falta de elaboração e implementação do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos)
Não informar os riscos profissionais aos colaboradores
Não ter uma plano de ação claro para mitigar os riscos psicológicos do trabalho em cada área da empresa
Para empresas que querem evitar uma possível multa vale já contratar um prestador especializado em saúde mental, como Zenklub, Vittude e Starbem.
5. GLP-1 genéricos e manipulados
Previsão 2025: Início dos estudos para produção de Ozempic genérico.
A patente do Ozempic (semaglutida) vai cair no Brasil em 2026, o que gerou uma corrida de diversos laboratórios para entender como podem produzir este medicamentos por aqui.
São duas dificuldades principais:
Conseguir o princípio ativo (importado)
Conseguir a caneta específica (que é uma das principais causas da falta do medicamento no mundo)
A Novo Nordisk já tentou intervir junto à Anvisa para postergar a patente no país, já que demoraram anos para conseguir liberar o medicamento na Anvisa, mas parece que não tiveram sucesso e o data prevista é início de 2026.
Em 2025, os ensaios clínicos e lançamentos de medicamentos para obesidade continuarão em ritmo acelerado. Isso incluirá novos medicamentos dos líderes atuais, Novo Nordisk e Eli Lilly, bem como de novos concorrentes, como a Amgen. Esses medicamentos terão como alvo não apenas o GLP-1, mas também outros mecanismos, além de formulações orais. Espero também a ampliação das indicações dos medicamentos já aprovados para distúrbios cardiovasculares e, possivelmente, para o tratamento de dependência.
6. Cuidado de saúde em casa
Previsão 2025: Expansão dos programas de desospitalização, internação domiciliar, cirurgia ambulatorial
Aqui não é só sobre home care…
Que by the way apresentou um crescimento importante.
Em 2012 eram apenas 12 empresas, hoje são mais de 1.000 em todo o país.
Uma pesquisa da ANEAD / FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostrou:
Em 2019, cerca de 300 mil pacientes foram atendimento em domicílio, contra 346 mil em 2022.
A transformação na atenção domiciliar (AD) é sobre uma disrupção no modelo hospitalocêntrico, em que cada vez mais o cuidado é entregue fora do hospital e dentro de casa.
Olha como foi a minha jornada de cuidado no Hospital Albert Einstein este ano:
Dor no pé - Diagnóstico no PS » Ruptura do tendão de Aquiles. Estadia no PS: 4 horas
Internação hospitalar » Avaliação pré-anestésica, Cirurgia, RPA, dormir, acordar, reavaliação, alta. Total: 22 horas
Depois disso » Fisioterapia domiciliar, reavaliação de sintomas via whatsapp, consulta médica presencial e acompanhamento.
Ou seja, cada vez menos tempo no hospital e mais tempo de jornada domiciliar (quando possível).
Três sinais que me chamam a atenção sobre essa mudança:
Beep (vacinas em domicílio) levantou R$ 100 milhões para expandir o cuidado domiciliar.
Expansão do programa de internação domiciliar da Mayo Clinic
Pesquisa da McKinsey mostrando que o cuidado ambulatorial é o segmento de saúde que mais cresce e com maior margem de lucro.
7. Crescimento dos serviços OOP (out-of-pocket) na saúde
Previsão 2025: Empresas oferecendo serviços de saúde direto aos pacientes passarão por fase de crescimento
O número de pessoas com plano de saúde no Brasil tem crescido de forma lenta, com 51.4 milhões de beneficiários, ou seja, 76% da população não tem plano de saúde.
Nos últimos anos, as restrições para a contratação de planos via pessoa física têm aumentado, inclusive com casos de cancelamento unilateral pelas operadoras, que seguem aparecendo.
Associado a isso, o SUS apresenta diversos gargalos operacionais, o que potencializa esse mercado.
Cerca de 13% dos exames laboratoriais realizados foram pagos de forma particular (out-of-pocket) no Brasil.
OS produtos com mais tração:
Consultas médicas
Exames simples (laboratoriais e de imagem)
Pequenos procedimentos e cirurgias ambulatoriais
É verdade que nós passamos por uma fase difícil, em que as clínicas populares e empresas de parcelamento de cirurgia não estavam conseguindo fechar a conta, mas acredito que o cenário atual é diferente, em que houve incorporação tecnológica considerável, desde o agendamento até a telemedicina. (sem contar o que já é possível fazer com IA).
8. Longevidade no mainstream
Previsão 2025: Os famosos check-ups começam a se transformar em “avaliação de longevidade”
Puxado pelos pacientes, o check-up ou avaliação médica de rotina, começa a sair do formato “deixa eu ver se tenho uma doença” para “o que eu preciso fazer para viver com qualidade até 100 anos"?
É menos sobre o Brian Johnson com o seu culto da transfusão de plasma… 🙄
E mais sobre zonas azuis, conexão com a sua comunidade e exercícios agachamentos de qualidade.
Após os 35 anos, as pessoas normalmente perdem entre 1% a 2% de massa muscular por ano devido à sarcopenia. Os agachamentos são eficazes porque trabalham os principais músculos da parte inferior do corpo — glúteos, quadríceps e isquiotibiais — ajudando a preservar a massa muscular.
Eu descobri uma nova com o Peter Attia, autor do famoso livro Outlive.
Se uma pessoa sai de zero exercício para 90 minutos de exercício por semana, ela reduz a sua chance de morrer (por qualquer causa) em 15%, o que é bastante!
É isso pessoal!
Qual das previsões você achou mais interessante? Ou qual você não concorda?
Pode me responder direto neste e-mail : )
💭 Citação
Relembrando um livro que eu gosto muito sobre produtividade, do meu xará Tiago Forte. Foi muito bom poder apoiá-lo no lançamento da edição brasileira do “Second Brain”. Vale a leitura se você gosta de produtividade.
Via Readwise
Por hoje é só!
Mandem feedbacks, é só responder esse e-mail.
Se você achou o conteúdo interessante, compartilhe.
Domingo que vem tem mais,
Abraço!
Thiago Liguori
Giphy